MP faz operação contra adulteração de leite no RS — Foto: RBS TV/Reprodução
O Ministério Público (MP) deflagrou, nesta quarta-feira (11), a 13ª fase da Operação Leite Compensado, investigando adulterações em produtos lácteos de uma fábrica da Dielat, em Taquara, Região Metropolitana de Porto Alegre. A operação revelou o uso de substâncias como soda cáustica e água oxigenada em produtos como leite UHT, leite em pó e compostos lácteos. Essas substâncias, perigosas à saúde, eram utilizadas para reprocessar itens vencidos e recuperar produtos deteriorados.
Quatro pessoas foram presas, incluindo Antonio Ricardo Colombo Sader, sócio-proprietário da empresa; Tales Bardo Laurindo, diretor; Gustavo Lauck, supervisor; e Sérgio Alberto Seewald, engenheiro químico. Este último já era conhecido das autoridades por fraudes semelhantes e possui histórico de envolvimento em casos de adulteração na indústria de laticínios.
Os produtos adulterados têm ampla distribuição no Brasil e são exportados para a Venezuela. As marcas no mercado nacional incluem Mega Lac, Mega Milk, Tentação e Cootall, enquanto no exterior são vendidas sob o nome Tigo. A empresa também venceu licitações para fornecimento de laticínios a escolas e órgãos públicos, o que aumenta a preocupação com o impacto das irregularidades.
Distribuição preocupante em escolas
De acordo com o Tribunal de Contas do Estado (TCE), ao menos sete cidades gaúchas receberam produtos da Dielat para merenda escolar: Alvorada (2023), Canela (2020), Gravataí (2020), Ivoti (2019), Porto Alegre (2023), Taquara (2022) e Viamão (2019).
O "Mago do Leite"
Entre os presos está Sérgio Alberto Seewald, conhecido como "alquimista" ou "mago do leite". Ele foi apontado como figura central em fraudes de fases anteriores da Operação Leite Compensado e contratado pela Dielat para assessorar a produção. Seewald já havia sido investigado em 2014 por práticas semelhantes em uma indústria de laticínios em Imigrante, no Vale do Taquari.
Ações e próximos passos
Nesta etapa, o MP cumpriu quatro mandados de prisão preventiva e 16 de busca e apreensão em Taquara, Parobé, Três Coroas, Imbé e São Paulo. Exames estão sendo realizados para identificar os lotes contaminados, já que as técnicas usadas dificultam a detecção de substâncias nocivas em análises preliminares.
As autoridades reforçam a necessidade de maior fiscalização para prevenir práticas que coloquem em risco a saúde pública. Os responsáveis pela empresa e demais investigados não se manifestaram até o momento.